Escrever é
pintar com palavras? Para alguns escritores sim. Os cronistas, principalmente.
No vasto cardápio da literatura, à eles é reservada a honra de servir a
entrada.
Mas se ao
invés dessa metáfora, você preferir a primeira, então, escrever crônica é como
esboçar uma tela com pinceladas de profundidade.
As crônicas
publicadas em jornais, geralmente são lidas pela manhã, o momento do dia em que
o sujeito acorda disposto, com as energias renovadas e a esperança a iluminar
sua vida e o otimismo a conduzir o seu destino. Portanto, se você pretende
escrever crônica para jornal, por favor, pare de importunar os outros com sua
descrença, pessimismo e mau-humor. Não fale de você, fale de todos, porque, ao
escrever você se dirige aos leitores e nem sempre, a bem da verdade, quase
nunca, os seus dramas pessoais interessa à eles, os quais, normalmente já os possuem
em boa conta. Portanto, nada de papo cabeça às 7 da manhã. Nem o cachorro que,
todos os dias, apanha o jornal na área aguenta.
Outra coisa.
Tenha algum tema em mente, e só sente diante do computador quando encontrar a
primeira frase, a mais verdadeira possível, porque ela é o início de tudo. E
sem ela você nada faz. Não escreve.
O padrão
formal de um texto, seja ele ou não ficção é começo, meio e fim. Portanto, não
tente dar nó na cabeça dos outros, deixa de lado sua propensão filosófica,
dialogue com o leitor. Faça da sua crônica uma janela por onde você irá mostrar
à ele as nuances da vida que aos olhos do cronista jamais passam despercebidas
e aos olhos dele, leitor, sequer são notadas.
Para o
cronista, o leitor é o vizinho, aquele sujeito com o qual você procura fazer
amizade e conquistar a confiança. E nenhuma relação humana torna-se duradoura
se não houver confiança.
Se no jornalismo,
notícia é o fato inusitado, na crônica, o assunto predominante pode ser o
coloquial, aquele que está na boca do povo. Ou não. Tudo depende do seu
objetivo. Porque, diferentemente do romancista, do contista e do poeta, o
cronista deve ter um objetivo bem definido. Deve saber o que vai dizer, como
vai dizer e para quem vai dizer, e porque vai dizer; porque se não acredita no
que está dizendo, então melhor calar a boca.
Cronista
esperto não tenta reinventar a roda. Mas torna a roda um objeto lúdico e útil
para o leitor.
Ufa! Penso
que, para um aprendiz, eu já disse demais. E você já deve estar me chamando de
abelhudo e prepotente.
Agora, você
aspirante a cronista, se for realmente bom, por favor, me desminta. Prometo que
se o fizer passarei a ser leitor de suas crônicas. E seu fã No. 1.
10 DICAS PARA UMA
BOA CRÔNICA
1) Defina um tema, de preferência atual.
2) Inicie o texto com uma frase curta e objetiva, deixando claro ao leitor
sobre o que você pretende escrever.
3) Texto, seja qual for, deve ter começo, meio e fim.
4) Você pode inserir “ares” de conto e poesia em sua crônica, mas, na
medida certa, sem exagero. Crônica nada mais é que um comentário.
5) A sensibilidade do autor é o seu maior guardião. Você percebe quando
você está escrevendo besteira, portanto, deixe o orgulho de lado, apague e
corrija, e, se necessário, recomece tudo.
6) O tamanho da crônica depende do espaço que o autor dispõe para
escrevê-la. Mas, de modo geral, em quatro ou cinco breves parágrafos, você
consegue escrever uma boa crônica sem provocar a paciência do leitor.
7) De preferência, escreva sobre amenidades. A não ser que haja algum fato
relevante que mereça comentário.
8) Ao fazer citações, referente a nomes ou acontecimentos, investigue as
fontes e confirme os dados. Não existe meia informação. Na dúvida, evite. Há
sempre um outro modo de se dizer ou se referir à mesma coisa.
9) Ao terminar de escrever o texto, leia-o e releia-o. E corrija-o se
necessário. E se necessário ainda, despreze-o e faça outro. Normalmente você
dispõe de um computador. Imagine aqueles autores antigos que escreviam à luz de
vela, com o cheiro insuportável da caneta tinteiro e seus borrões, ou aqueles
que colavam e recortavam laudas sem tirá-las do carro da máquina de escrever.
Hoje, você dispõe dessa preciosidade que é o editor de texto e seus múltiplos
recursos. Portanto, não seja preguiçoso. A menos que você seja um gênio da
literatura, essa perniciosa característica não combina com você.
10) Só publique o que for bom. Não esqueça que sua
reputação está em jogo.
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